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Gustavo Reis

A Fuerza ocasionalmente convida especialistas de diversas áreas para discorrer sobre suas experiências como agentes de mudança nos seus campos de atuação. São pessoas que admiramos e acompanhamos. Por isso, é um grande prazer receber o convidado de hoje para compartilhar um pouco da sua perspectiva conosco: Gustavo Reis, o primeiríssimo cliente da Fuerza e fundador do Estude Matemática.

Eu tenho poucos heróis. Ainda que eu tenha escolhido trabalhar sozinho ao longo da maior parte de minha trajetória profissional, creio que essa escassez de referências possa ser atribuída a uma percepção consolidada de que nossas conquistas individuais costumam resultar de esforços coletivos. Essa é, muito provavelmente, a origem de minha tendência quase contraditória de não dar valor excessivo a contribuições de indivíduos.

Por outro lado, isso confere especial relevância a quem escolho incluir na minha lista de protagonistas. Um deles é o norte-americano Seth Godin, autor de mais de 20 best sellers com edições disponíveis em quase 40 idiomas. Se me permitem um breve e orgulhoso momento de ostentação, tive o prazer de conhecer pessoalmente o Seth ao participar do workshop “Ruckusmakers” em março de 2015.

Mas vamos ao que interessa: em seu livro “Tribes”, Seth enuncia uma definição particularmente importante.

“Uma tribo é um grupo de pessoas conectadas umas às outras, conectadas a um líder, e conectadas a uma ideia.” (Seth Godin)

Em outras palavras, o surgimento de uma tribo depende três condições:

– Pelo menos um interesse em comum; 

– Pelo menos uma liderança clara;

– Pelo menos uma forma de comunicação direta entre os participantes.

Coincidentemente, 2015 foi o ano que marcou o lançamento do “Estude Matemática”. Essa iniciativa nasceu como desdobramento de uma escola que eu mantive em Porto Alegre entre 2008 e 2017 e que oferecia cursos livres de Matemática, principalmente nos segmentos de preparação para processos seletivos universitários, de apoio ao Ensino Superior e de aulas particulares individuais.

É legítimo afirmar que os principais objetivos da escola podiam ser traduzidos, independentemente do segmento de atuação, pela frase “Matemática para quem precisa dela”. Afinal, os estudantes que procuravam os cursos que eu oferecia tinham, invariavelmente, um problema específico para resolver.

Superar o desafio do vestibular.

Obter uma boa nota no Enem.

Passar em Cálculo.

Observe: cada um desses objetivos diz respeito a uma dor. A Matemática, nesse caso, é o medicamento que reduz ou elimina o desconforto. Um remédio muitas vezes amargo, mas indiscutivelmente necessário.

Quis o destino, porém, que eu encontrasse um caminho alternativo.

No período entre 2015 e 2017, o Estude Matemática funcionou como uma espécie de extensão digital da escola. Nesse período, conduzi pessoalmente mais de 100 aulas ao vivo sobre temas de Matemática de nível médio. Minha aposta era a de que alcançaria um bom número de participantes daquele que eu considerava ser o público predominantemente interessado em conteúdo desse tipo: estudantes em preparação para os principais exames de admissão universitária do país.

Curiosamente, porém, não foi exatamente isso o que aconteceu.

As aulas do Estude Matemática começaram a atrair a atenção de pessoas muito diferentes. Havia muitos professores, tanto de Matemática quanto de inúmeras outras áreas do conhecimento. Havia profissionais dedicados a inúmeros ofícios, incluindo alguns aparentemente improváveis, tais como Medicina, Direito, Odontologia e Psicologia. Havia pré-adolescentes cursando o Ensino Fundamental e também avós entusiasmados pela ideia de acompanhar os netos em seus estudos.

E foi então que eu descobri que eu não tinha, simplesmente, criado um empreendimento educacional quando decidi lançar o Estude Matemática.

Eu tinha feito surgir uma tribo.

Hoje, sempre que sou consultado, eu descrevo o Estude Matemática como “uma comunidade de entusiastas da Matemática”. As quatro principais propriedades digitais dessa comunidade reúnem um público consolidado de mais de dois milhões de pessoas. Na edição 2023 do Prêmio iBest, eu e o Estude Matemática – às vezes, a linha de fronteira é um pouco nebulosa, talvez também como consequência de minha insistência em trabalhar sozinho – conquistamos o 7º lugar na categoria “Influenciador de Educação”.

São números superlativos e, de certa forma, surpreendentes. Porém, esses resultados só se tornaram possíveis a partir do momento em que eu entendi que o Estude Matemática não era mais sobre o professor Gustavo e suas escolhas de conteúdo. Eu tenho apenas a honra de exercer a função de líder de uma comunidade de entusiastas que tem um interesse comum bem definido e, principalmente, cujos participantes podem interagir diretamente uns com os outros a partir das várias ferramentas digitais disponíveis para este fim. 

Hoje, o conteúdo que eu produzo não tem qualquer compromisso com processos seletivos ou com a escolarização seriada de qualquer nível. O objetivo é claro: oferecer experiências satisfatórias para quem simpatiza com a Matemática ou para quem está, no mínimo, disposto a fazer as pazes com ela.

Em outras palavras:

Não é mais “Matemática para quem precisa dela”.

Agora é “Matemática para quem gosta dela”.

E isso, acredite, faz toda a diferença!

“People like us do things like this. Go find the others!” (Seth Godin)




P.S. Desde 2008, os elementos visuais de todas as marcas que criei e de todas as iniciativas vinculadas a elas, que, a propósito, não foram poucas, foram assinados por Pablo de la Rocha. É por isso que, além de ser o CCO (Chief Creative Officer) e co-fundador da Fuerza, ele é também o Designer Emérito do Estude Matemática e tem, até hoje, seu nome exibido nos créditos que aparecem na tela ao final de cada Live transmitida no canal. Mas talvez ele só tenha ficado sabendo disso agora!

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