Para quem é e não é designer…

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Pablo de la Rocha

Trabalho com design há pelo menos 20 anos e mais especificamente com web já devem ter mais de 15. Desde que a Fuerza começou a tomar forma, tenho pensado muito a respeito de como trabalhar com web acabou se tornando um trabalho tão segmentado e impossível de realizar sozinho.

Cada vez mais intrincado…

Meus primeiros sites eram feitos pra monitores “tubão” com resolução 800×600. Nem sequer pensava em responsivo — aliás, os primeiros sites da própria Fuerza, há mais de década atrás, nem mesmo tinham essa opção na proposta. A arquitetura da informação era feita no layout, não tinha essa de wireframes e um bocado de coisa era decidida depois, quando o pobre frontend developer atuava. Profissional esse que aliás também não existia, pois o “programador” era o cara que fazia o html/css e trabalhava com o “aspx” tudo junto reunido. Os sites eram mais simples porque eram feitos por equipes enxutas, ou em muitos casos por um homem só.

Alguém aí lembra da figura do webmaster?

Imagine uma pessoa que seria capaz de dominar a estética e a técnica pra combinar estes dois mundos? Esse profissional de ouro ainda é buscado até hoje, apesar dessa segmentação da profissão — vide casos como Tobias van Schneider. Caras como esse são um achado raro.

Seguindo no assunto não se tinha preocupação com o Google, tanto que nos idos de 2000 e poucos, os sites mais bacanas eram inteiros em flash. Não sabe o que é flash? Longa história, quem sabe em outro post, mas vale dizer que nessa época o famoso Eye4U era o site que todos nós estudantes de design queríamos ter feito — infelizmente não achei o site pra navegar, mas aqui tem uma captura:

O mais próximo de redes sociais que se estava era o Orkut, que durou tão pouco que a maioria das marcas nem chegou a usar em benefício próprio. Tablet? Em 2000 isso era uma caneta que tu usava como mouse.

O ramo de webdesign se tornou algo tão intrincado e complexo que de certa forma perdeu a graça. Cada site ou projeto tem que atingir tantos objetivos que simplesmente a criatividade e a diversão estão dando lugar a preencher os checklists. E quem é designer sabe muito bem que quanto mais esse trabalho se populariza, mais a pessoa comum “sabe” design. Resposta padrão em nossos briefings são “clean” e “moderno”. Qualquer um usa a frase “menos é mais” e a maioria das pessoas que vem falar com a gente já chegam dizendo “eu quero um site igual a esse”. Essa popularização também dificulta um pouco o trabalho de surpreender e de inovar.

Como profissionais da web é nosso papel buscar formas de trazer a inovação tanto no design quanto no propósito de fazer um site nos dias de hoje. Precisamos mostrar ao cliente que ele pode e deve confiar na nossa visão e experiência. Isso é muito fácil quando se lida diariamente com clientes que já tem um grau de maturidade no departamento de marketing, clientes com um orçamento já destinado para a web desde o início do ano e que já entendem o valor desse investimento como um provável retorno.

Continue explorando…

Mas como fazer isso para empresas do porte pequeno que buscavam os nossos serviços? Foi uma questão que tivemos que lidar diversas vezes em nossos anos iniciais: como inovar com quem quer velocidade na entrega, baixos custos e pra isso já vem com uma ideia bem definida do que quer e pouquíssimo espaço para que nós digamos o que pode ser melhor para seu negócio? Como fazer isso para clientes que ligam diariamente querendo ficar em primeiro lugar no google sem gastar muito e sem muita disposição para produzir algum conteúdo de qualidade (ou pagar pela produção) e cooperar com o então pequeno estúdio de web design?

Sinto muito pelo que vou dizer, mas minha resposta na época ainda é a mesma de hoje: como designers, desenvolvedores e profissionais da web, precisamos sujar as mãos e assumir mais riscos. Precisamos muitas vezes, abrir mão do lucro, ou ao menos parte dele, para criar algo que realmente faça a diferença para o seu negócio e precisamos sim, voltar alguns anos atrás onde um profissional era conhecedor de mais etapas e dominava grande parte do processo — somente equipes pequenas, esclarecidas e, com o perdão do clichê, multidisciplinares podem trazer de volta a graça de criar, mesmo que a equipe cresça, essa chama vital tem que ser mantida — mas não me refiro a ter canivetes suíços ambulantes, e sim uma equipe que dialoga, unindo conhecimentos e experiências pra chegar à solução ideal. Trazer a diversão de criar algo inspirador até mesmo para o e-mail marketing — a peça que 99% dos designers e desenvolvedores tem pavor — é um desafio que devemos enfrentar diariamente. Só fazendo aquilo que se gosta sob uma perspectiva diferente vamos encontrar a resposta tanto para nós profissionais quanto para nossos clientes.

É também esse tipo de formato que o cliente deve ter em mente ao buscar um profissional ou agência/estúdio na hora de fazer seu próprio site — buscar uma equipe apaixonada e que funciona é fundamental — uma equipe apaixonada e envolvida pelo projeto é capaz de fazer muito mais por muito menos.

Empresário, como cliente de um estúdio de design, deixe-se ser surpreendido e deixe que o time de criação apresente uma visão diferente do seu concorrente que você pediu pra fazer igual — o preço de dar essa liberdade é ter um árduo defensor da tua marca e que acredita no teu negócio a ponto de divulgá-lo em suas rodas de amigos e familiares sem receber nada extra em troca.

Desde o início em 2010, o cerne da Fuerza estava focado em atender de forma diferenciada esse pequeno cliente — crescemos, aparecemos e ainda buscamos diariamente explorar caminhos para surpreender dentro do possível e do “budget”, mesmo com todos os zeros a mais.

É nisso que eu acredito e é isso o que eu espero desse belo time que trabalha comigo. Que tenha chama no processo e a gente se orgulhe do resultado —um resultado que também traga muito para o nosso cliente.

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